Geografia da soja II . A territorialidade do capital.
Por : sidneysilva.
O livro, a Geografia da soja volume II, é o resultado de um trabalho científico elaborado por estudiosos de geografia, de ciências sociais, pesquisadores e bolsista do CNPQ. Entre os estudiosos que organizaram este segundo volume desta série, gostaria de mencionar as contribuições do professor do curso de geografia da Universidade Guarulhos, Vicente Eudes Lemos Alves, que se dedicou na organização do último capítulo dessa obra .
Uns dos maiores desafios do Brasil nesse século XXI, consiste na elaboração de políticas voltadas para as populações de baixa renda,pois,os programas sociais que estão em vigor já não são suficientes para suprir as necessidades impostas pelos mercados cada vez mais competitivos.
Esse livro do qual fiz uso, traduz uma série de fatores que contribui para a exclusão social. O Seu foco central esta direcionado para o campo,no qual,foram abordados assuntos relacionados ao ritmo acelerado das atividades processadoras de soja da agroindústria nos cerrados nordestinos, o uso e a concentração da terra por pequenos grupos empresariais,as privatizações que acorrem ,geralmente, impulsionado pelo sistema de produzir em larga escala para o mercado internacional e os conflitos sociais resultantes do processo de dominação do grande produtor sobre a terra, onde o pequeno produtor rural,antes dono da propriedade e produtor direto, agora torna-se num mero assalariado que em busca de melhores condições de vida se vê abrigado a migrar para os grandes centros urbanos.
Os autores constataram também um intenso processo de modernização na agricultura brasileira,com empresas instaladas nos núcleos urbanos dentro da mesma região,que movimenta todo setor regional, gerando empregos qualificados,mas apresentando um crescimento geográfico e demográfico desordenado em virtude dos fluxos migratórios para essas áreas.
Este pólo que concentra serviços especializados é também a mesma área de estudo, denominada região norte e nordeste do Brasil,principalmente nos estados do MARANHÃO,TOCANTIS, BAHIA E PIAUÍ, formando a região BAMAPITO, designada pelos autores .
Com base na pesquisa que os autores fizeram esta região vem passando por grandes transformações. Em relação aos aspectos sociais, o trabalho braçal vem diminuindo bastante por causa da maior concentração de máquinas na área rural ligado ao processo produtivo que trata de executar todo o serviço, dispensando em muitos casos o trabalho humano.
É interessante analisar quando se fala em agricultura moderna nos meios de comunicação, quer seja no jornal ou nas escolas,de fato vem sim acorrendo uma modernização no campo, no entanto,no que se refere ao trabalho humano o instantâneo da mídia faz questão de não mostrar.
As relações de trabalho que estão acorrendo nos cerrados nordestinos, especialmente no que se refere a produção de soja ,ou seja, o trabalho humano que ainda persiste no campo, mostra que o "fantasma" da escravidão, embora muito bem disfarçado ainda esta por perto . Segundo os autores, os poucos trabalhadores que ainda trabalha na produção de soja nos cerrados nordestinos recebem menos de um salário mínimo, e ainda estão submetidos as longas jornadas de trabalho e não gozam de benefícios trabalhistas .
Muitos desses trabalhadores que estão submetidos a essas formas de trabalho perverso eram pequenos produtores rurais que, do dia pra noite, foram expropriados de suas terras pelos grandes fazendeiros , os famosos latifundiário do Brasil.
O que se discuti aqui, é a forma para o qual a terra é destinada,sua distribuição e concentração em mãos de pequenos grupos de empresários que recebem todo o apoio financeiro e técnico do Estado. Apesar da grande desigualdade social e espacial encontrada pelos autores nas regiões estudadas , é interessante lembrar que a produção de soja no Brasil, embora do jeito que caminha, com sua deficiência e excelência , representa um peso significativo na pauta das exportações do Brasil.
No que se refere À concentração de terra no Brasil é interessante entender como acorreu a ocupação das terras pelo império português no período colonial. Tudo indica que esse latifúndio teve sua origem lá no passado entre o século XVI e XVII no processo de colonização. Nesse período houve a necessidade de dividir o território em quinze faixas de terras que pegava toda a parte leste do país, e se estendia até a linha de Tordesilhas . Isto resultou no que chamamos hoje de capitanias hereditárias. Essas terras foram entregues primeiramente para os comerciantes e nobres , nomeados capitães hereditários, que tinha por objetivo ocupar efetivamente os espaços vazios, povoando e explorando os recursos naturais. Esses foram os primeiros latifundiários do Brasil, só para historicizar o assunto.
O outro lado deste processo de modernização do campo, organizado num modelo capitalista desigual revela que a população local não participa integralmente da idéia de progresso divulgado pelos planos de governo , como menciona (ALVES ,2006).
"O ganho econômico manifestado na maior produção agrícola e na instalação de empresas e migrantes na região não resultou , entretanto, em melhorias das condições de vida da população local. Observa-se, ao contrário, a conformação de um fenômeno essencialmente excludente".
Fim.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Geo.
Simples e sincero em todos os sentidos. Divulgar o pensamento e a arte é uma virtude que todos deveriam ter. Sou formado em geografia e tenho certa afinidade pelos seus assuntos, que de modo geral, é extremamente relevante para compreender o significado da relação homem e natureza.Tratando-se desta relação a geografia não deixa a desejar. Primeiro porque o seu abjeto de estudo é o espaço geográfica, sendo produto dele os elementos naturais, artificiais e sociais. Esses objetos articulados revelam uma diferenciação na sua abordagem, e é exatamente isso que queria. Chamar atenção do caro leitor para este aspecto interessante. Quando se utiliza a geografia como instrumento de análise para desvendar algo, ela pode, ao mesmo tempo, fazer essa interface,ou seja, pesquisar os fenômenos naturais e sociais num só tempo espaço, sem prejudicar sua análise de estudo.
Com todos esses atributos fica evidente a deficiência da educação pública, principalmente das aulas de geografia, pois a educação esta sob controle do poder público logo seus reflexos estarão ligado diretamente com a boa ou má administração. É interessante frisar que, a má educação no Brasil é direcionada para escolas públicas de nível básico, não sendo o mesmo para as universidades públicas de excelência. O que é totalmente contraditório.
Portanto, a geografia em essência, tem a capacidade de penetrar na realidade, ir além das aparências, destrinchar armadilhas e dissolver contradições.
“ Dirijamo-nos diretamente para o mundo, para as coisas, para o conteúdo. Libertemo-nos de todos os traços do formalismo; de todas as obscuras sutilizas da metafísica reconvertida-como na idade média – em escolástica abstrata; de todos os seus problemas ” insolúveis. Sejamos resolutamente modernos.
Se o real é contraditório, então que seja o pensamento consciente da contradição.
(Henri Lefebvre).
Com todos esses atributos fica evidente a deficiência da educação pública, principalmente das aulas de geografia, pois a educação esta sob controle do poder público logo seus reflexos estarão ligado diretamente com a boa ou má administração. É interessante frisar que, a má educação no Brasil é direcionada para escolas públicas de nível básico, não sendo o mesmo para as universidades públicas de excelência. O que é totalmente contraditório.
Portanto, a geografia em essência, tem a capacidade de penetrar na realidade, ir além das aparências, destrinchar armadilhas e dissolver contradições.
“ Dirijamo-nos diretamente para o mundo, para as coisas, para o conteúdo. Libertemo-nos de todos os traços do formalismo; de todas as obscuras sutilizas da metafísica reconvertida-como na idade média – em escolástica abstrata; de todos os seus problemas ” insolúveis. Sejamos resolutamente modernos.
Se o real é contraditório, então que seja o pensamento consciente da contradição.
(Henri Lefebvre).
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